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Editorial

O setor de biodiesel deve viver neste segundo semestre de 2008 situação oposta à vivenciada no início do ano. Enquanto no primeiro semestre a demanda necessária para o B2 era pequena em relação à capacidade da indústria, no segundo o B3 garantirá rentabilidade e desenvolvimento sustentável para o setor.

A indústria deve registrar recordes de produção nos próximos meses e as empresas da cadeia de fornecimento de produtos e serviços passarão por um período de expansão singular.

Esse desenvolvimento deve se tornar mais palpável até o final do ano com a consolidação dos novos negócios. No entanto, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) entra em uma fase onde as correções são mais difíceis de ser aplicadas e qualquer ajuste acarreta um esforço muito maior.

É neste momento que a fiscalização do programa deve ser intensificada, e os mecanismos utilizados até o momento pelo governo têm se mostrado falhos em muitos aspectos. O principal, e talvez mais importante, diz respeito à inclusão social. Ela não está acontecendo como o esperado e os dados divulgados são escassos para dimensionar o tamanho do problema.

É urgente um fórum de debates sobre a inserção da agricultura familiar no PNPB, nos moldes do proposto pelo governo para debater a polêmica dos alimentos e biocombustíveis. Entretanto, ao invés de convidar países do mundo inteiro, deveriam estar presentes representantes de toda a cadeia do biodiesel nacional ligada a inclusão social: usinas, cooperativas, agricultores, instituições de pesquisa, federações agrícolas e demais entidades representativas com respaldo para apresentar idéias e ajudar no desenvolvimento de novas políticas. A exemplo do que aconteceu há cerca de um ano na Segunda Reunião do Selo Combustível Social, mas desta vez com o claro objetivo de produzir resultados práticos.

O empenho do Ministério do Desenvolvimento Agrário é louvável, mas foi insuficiente até agora. E neste momento de expansão do setor, a situação exige uma reforma urgente e multilateral para o Selo Combustível Social. Caso contrário, corremos o risco de ver a consolidação de mais um programa que não conseguiu evitar a concentração de renda.

Para distribuir a renda com a agricultura familar é preciso também dar opções de matérias-primas para o cultivo. Como você verá na reportagem sobre a moringa nesta edição, mais tempo e pesquisa são necessários para o desenvolvimento da planta, seguindo o exemplo de quase todas as potenciais espécies da grande diversidade nacional. Enquanto isso, nenhuma matéria-prima é recomendada pelos órgãos do governo e a agricultura mecanizada da soja continua reinando e atrasando os interesses republicanos.

Por Julio Cesar Simczak Vedana
Diretor de Redação

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